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#HoraDaResenha: SOMOS TODOS OBRAS DE ARTE

Por Kátia Chiaradia

 

O livro “Somos todos obras de arte” (Ed. Saber e Ler, 2019) é lindo. É o tipo de livro que nos encanta assim que o pegamos na mão. Folheamos as páginas com olhos ávidos: “Uau”, pensaremos. Mas a maioria de nós não irá além do encantamento inicial e, talvez, quando acumularmos outros 3 ou 4 títulos nas mãos, ele seja o primeiro a ser devolvido à prateleira. E é aí que devemos dar uma segunda chance a esse livro, porque (asseguro!) Essa será, na verdade, uma segunda chance para nós mesmos.

Para o saudoso professor e crítico literário Antonio Candido, a literatura é um sistema formado por livro e autor (claro!), mas ao qual também se une uma terceira e indispensável figura: o leitor[1]. Para Candido, o leitor é o verdadeiro responsável pela leitura. Isso faz todo sentido e, de certa forma, explica por que um mesmo livro receberá leituras diferentes de diferentes pessoas: ao ler, cada um dá ao livro um pouco de si e de suas experiências. Nesse sentido, quanto mais experiências uma pessoa viveu, mais possibilidades de diálogo e leitura ela trará aos livros que ler. Além disso, evidentemente, espera-se que o leitor domine o código (ou a língua) a partir do qual o objeto de sua leitura foi escrito.

No Brasil, quando falamos em artes plásticas, faltam-nos vivência e alfabetização artística. Por isso é tão importante não devolvermos “Somos todos obras de arte” à prateleira, porque quem falaria ali não seria nossa escolha, mas nossa ignorância. Mesmo que alguns leitores reconheçam todas as referências e os estilos ali presentes (dos Renascentistas a Dali e Warhol, e muito mais!), teremos nós a vivência necessária para entender o impacto que as obras de arte impõem a nossa vida?

É sempre bom lembrar que “afeto” vem de “afetar”, e essa é uma boa razão para nos abrirmos aos impactos, ao que nos choca (ou conosco se choca). Frida Kahlo disse, certa vez, que a pintura tomou nela o lugar de três filhos que ela perdera e “uma série de outras coisas, que teriam preenchido” o que ela chamou de “vida pavorosa”. Arte salva. Arte liberta, mesmo que a gente só perceba que vivia preso após essa liberdade.

“Somos todos obras de arte” é, finalmente, para além de um lindo livro sobre pintura, um necessário livro conceitual, sem barreiras de idade ou gênero, cujo projeto exige que nossa leitura se volte a nós mesmos até encontrarmos nossa “singularidade”. Não nossa exclusividade, não nossa identidade, não nossa autenticidade, mas, sim, nossa singularidade.

É preciso assumir coletivamente o direito de viver as experiências de nossa sensibilidade por meio da arte. Seremos singulares na maneira como sentimos? 

 

Tema transversal dos PCNs: Ética; Pluralidade Cultural;

Campos de atuação (BNCC- Ensino Fundamental): Campo artístico-literário;

Código BISAC: JUV 003000 

[1] “A formação da literatura brasileira” (1959).

 

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