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#HoraDaResenha: ACHO QUE VI UM ELEFANTE

Por Kátia Chiaradia 

 

Tive a oportunidade de conhecer bebês e crianças bem pequenas em diferentes lugares, culturas e tempos, e se eu tivesse que escolher uma brincadeira que ligasse todas elas, sem dúvida alguma, seria a de esconder: “Achou!”

Pode ser atrás da porta, da naninha, da cadeira ou mesmo das mãos: o maravilhamento com que as crianças reagem àquilo que os olhos não veem (e que depois “repentinamente” se mostra a elas) deveria ser um direito básico assegurado por lei (1).

O livro “Eu acho que vi um… elefante!” É sucesso garantido porque explora essa paixão do “cadê-achou” de uma maneira muito apropriada para essa fase do desenvolvimento infantil, equilibrando novidade e repetição a cada página, exatamente como os bebês e as crianças pequenas gostam e precisam.

Ao longo das grossas páginas cartonadas à prova de dedinhos curiosos, vemos um simpático elefante se escondendo em cinco diferentes cenários. Em cada um deles, temos, ao mesmo tempo, a repetição da ação de esconder e achar o elefante (crianças amam repetição! ) (2) e a novidade dos personagens diversos que se apresentam a cada cena. Na perspectiva da materialidade, esse efeito se dá por um mecanismo interativo de deslizar de abas nas páginas que compõem os cenários.

O “cadê-achou” pode parecer, para a maioria, “só” uma divertida brincadeira, mas vai além disso quando olhamos para todos os elementos físicos e cognitivos nela envolvidos. Nos primeiros anos de vida, a linguagem corporal é mais valiosa do que a linguagem oral, a qual, por sua vez, se desenvolverá a partir das experiências e interações que partem sobretudo da maneira como cada criança se relaciona com seu próprio corpo, com seus movimentos e suas potencialidades. Podemos dizer que, antes da linguagem oral, são as ações motoras, ou seja, as linguagens do corpo, que determinam nossas pioneiras ações mentais.

Ao se identificar com o elefante, que, como ela própria, se esconde e se mostra, a criança conhece a si mesma, ao outro e aprende a desenvolver sua capacidade exploratória.

A relação das crianças com “corpo, gestos e movimentos” é um dos campos de experiências de fundamental importância no desenvolvimento infantil e ao qual todas as crianças têm direito, segundo documentos recentes, como a Base Nacional Comum Curricular, ou mesmo a parâmetros conhecidos há mais tempo, como os Referencias Curriculares para a Educação Infantil. Basicamente, esse campo de experiência entende (e nos faz entender) que as interações as brincadeiras que possibilitam e estimulam o movimento, os gestos e o reconhecimento do próprio corpo como principal instrumento de aprendizagem impulsiona o desenvolvimento de habilidades corporais e cognitivas.

E tudo isso é possível em um colo carinhoso com um livro aberto e um elefantinho brincalhão (3).

 

Campos de experiência (BNCC): O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Escuta, fala, pensamento e imaginação. Código BISAC: JUV 002000.

(1) Na verdade, de certa maneira o é. Explico em mais alguns parágrafos.

(2) Isso tem a ver com a maneira como as crianças pequenas se relacionam e estudam o mundo: repetindo ações para avaliarem se as respostas são as mesmas ou se alteram. Sobre isso, a pesquisadora italiana Carla Rinaldi escreve: “o bebê vai identificando e criando uma sequência de fatos que se repetem e são fundamentais para manter um vínculo de relacionamento com as pessoas que vivem com ele”. RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emilia: escutar, investigar e aprender. Tradução Vania Cury. 1. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2012.

(3) E, para quem quiser aumentar a turma de brincalhões, nosso catálogo também tem o “Eu acho que vi um leão”, que já vendeu milhares de unidades pelo país.

 

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